Instituto Pensar - Líder socialista na Câmara critica desmonte da cultura

Líder socialista na Câmara critica desmonte da cultura

Foto: Nilson Bastian

O deputado socialista Tadeu Alencar, líder do PSB na Câmara dos Deputados, avalia que o governo de Jair Bolsonaro tem o objetivo de desmontar a cultura nacional. O parlamentar criticou o veto integral ao PL 5.815/2019, que estenderia até 2024 a isenção de impostos para a instalação de cinemas em pequenas cidades e investimentos em obras nacionais independentes com a concessão de benefícios por meio do Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine).

"Trata-se de mais um item no pacote perverso de desmonte da cultura nacional, particularmente, em relação ao cinema, por parte do governo Bolsonaro. O que este presidente vem fazendo em termos de malefício cultural não encontra precedentes em nosso país. Esse veto é absurdo e a Câmara tem o dever de derrubá-lo”, afirmou o socialista, que preside a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Cinema e do Audiovisual Brasileiros.

Para Alencar, o posicionamento de Bolsonaro em relação ao nosso cinema beira o inacreditável. Ele citou as agressões à classe artística, como ocorreu com a atriz Fernanda Montenegro, chamada de "sórdida” por um funcionário do governo, o secretário nacional de Cultura Roberto Alvim, que no episódio em que xingou a grande dama do teatro brasileiro era o diretor de Artes Cênicas da Funarte. Lembrou, também, a ordem de retirar da Ancine todos os cartazes de filmes nacionais. Ou ainda a frase de Bolsonaro – "nunca mais fizemos um bom filme” – ao defender a realização de filmes cívicos e de cunho evangélico. "É a atividade presidencial elevada aos píncaros da ignorância”, completou.

Tadeu Alencar não poupou críticas a outra ação "nefasta” do governo, que demitiu toda a diretoria do Centro de Pesquisa da Fundação Casa de Rui Barbosa. Na semana passada, a presidenta da instituição, Letícia Dornelles, afastou o cientista político Charles Gomes, a jornalista Jöelle Rouchou, a ensaísta Flora Sussekind e o sociólogo e escritor José Almino Alencar. Os dois últimos foram vencedores do Prêmio Jabuti. Foi exonerado, também, o diretor do departamento onde todos os afastados trabalhavam, Antônio Lopes.

"A cantilena do presidente e de seus subordinados de que estaria acabando com o aparelhismo ideológico é, na verdade, uma cortina de fumaça para fazer justamente isto. O governo se move pela mais insana e persecutória ideologia de direita. O que se vê em todos os setores do governo é uma política de caça às bruxas com o objetivo, justamente, de aparelhar o Estado”, denunciou o líder do PSB.

Para Tadeu, é sintomático que, uma semana depois de "guilhotinar” a diretoria da Fundação Casa de Rui Barbosa, a sua presidenta anuncie uma série de exposições e palestras sobre "líderes liberais”. A série terá início com palestras sobre a ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher e o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan.

O deputado lembrou ainda que os episódios ocorridos na Fundação Casa de Rui Barbosa mereceram uma Carta de Repúdio subscrita por oito associações de pós-graduação e pesquisa sobre Ciência Política, Letras e Linguística, Antropologia, História, Psicologia, Filosofia e Sociologia.

Na carta é citada a "política de instrumentalização ideológica” que atinge as instituições culturais hoje dirigidas, diz a carta, por "pessoas desqualificadas e apadrinhadas” por políticos do bolsonarismo. Um "desrespeito sistemático com o patrimônio científico e cultural brasileiro, como não ocorria na história deste País, desde a sua abertura democrática em 1985”, assinala o texto.

Com informações da Folha de Pernambuco



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